sexta-feira, 29 de maio de 2015

Porque detesto meu estilo de vida

Outro dia me peguei pensando: eu deveria ter feito menos amigos ao longo da minha vida. Espantei esse pensamento ridículo e tive vontade de bater na minha própria cara por ter pensado algo assim.

Cheguei à essa conclusão depois de sucessivas tentativas sem sucesso de encontrar alguns amigos queridos, muito importantes pra mim, mas que o estilo de vida da cidade grande me impede de ver com maior frequencia.

Semana passada, pensei: não vejo a Keila desde o ano passado. Bóra marcar um encontro: peguei uma gripe cabulosa, que coincidiu com a troca de emprego dela, resumindo, até agendamos, mas não conseguimos nos ver. Com a Raquel tive uma conversa infindável no whats up até chegar numa data confortável para nós duas e respectivos maridos. Com a Lilian é praticamente só por messenger, que ela mora muito longe. Gisele não vejo há uns dois anos, pelo menos. A Cris consigo ver uma vez por semana por causa do trabalho que fazemos juntas, mas foram quase dez anos sem nos encontrar!!! Marquei ontem muito rapidinho com o Alê, coisa de 15 minutos, que ele tinha que pegar o busão para ir pra igreja, e eu também estava super atrasada!

Com Marcos, não tenho uma conversa decente há anos, minha prima, quase irmã, hoje me peguei pensando se o aniversário dela já tinha passado ou não - e olha que até aqui falei apenas dos mais chegados... Kelly Tati e Morgs só sei pelo Facebook. Janja, Baixinha, Mirtes, Di... moram muito longe... Paula, Regi, Joice, só por um milagre, mesmo. Prometi ao Audie dar uma olhada num projeto dele, e até agora.... isso foi em março!

Minha família então... só se casar alguém... ou morrer alguém.

Não estar nessa lista não é motivo de tristeza, ao contrário, quer dizer que consigo te ver de vez em quando, o que pra mim é uma vitória nessa rotina que está me deixando maluca...

Porque ao olhar pra trás sempre parece que dava tempo?

Eu sempre trabalhei 8 horas por dia, mais 4 ou 5 horas de aulas, toda semana, e ainda assim conseguia ter uma conversa, sem pressa, com a maioria dos meus queridos. Hoje saio correndo do trampo, cansada demais pra qualquer outra coisa que não seja um banho, e depois do banho, cama, cobertor e televisão.

Hoje tenho que sair da minha casa 2 horas antes de qualquer coisa que eu queira fazer, e ainda correndo o risco de não dar tempo. Se vou de ônibus, pode colocar umas 3 horas, ao invés de duas, nessa conta. Se vou de carro, só Cristo no trânsito.

Não consigo mais ter uma banda, encontrar uma vez por semana pra fazer um som  com os amigos. Não consigo sair pra correr, Não consigo organizar um encontro pra juntar todo mundo no mesmo lugar, uma vez por ano que seja.

Sigo frustrada. Tenho a sensação que nunca dá tempo pra nada. Procuro uma receita pra reverter isso. Algo que não inclua ter que reduzir a minha lista de pessoas queridas...

segunda-feira, 25 de maio de 2015

Go with the flow

Tomei um susto hoje quando abri a página do gerenciador da minha carreira. Não que eu não soubesse há quanto tempo estou aqui, na verdade vivo repetindo isso pra todo mundo que eu encontro em meu caminho.

Meu primeiro emprego com registro em carteira foi aos 15 anos. Detestei tudo do minuto em que pus meus pés lá, até o instante que eu saí, um ano e meio depois. Este foi o primeiro passo no autoconhecimento. Eu nunca fui uma pessoa de raízes. Gosto da sensação de ausência de amarras. Empregos em geral nos limitam nesse ponto.

"Dropei" um emprego atrás do outro, desde então, com a desculpa que eu tinha um gênio muito forte, que tinha temperamento insubordinado, que não era obrigada, etc... Cheguei à incrível marca de 27 empregos diferentes num período de dez anos. Cheguei também à incrível marca de ter conseguido brigar com alguém - do gerente à funcionária da limpeza - em absolutamente todos os empregos por onde passei - em alguns briguei com mais de uma pessoa, em alguns briguei com todo mundo ao meu redor.

Minha filosofia sempre foi a de que um emprego é apenas um emprego, e que eu tinha que me manter fiel a quem eu sou, e quem não gostou que se dane, e hoje olhando pra trás consigo perceber que atitude imatura eu tinha. Mas mesmo assim fazia pose de auto-suficiente e dona de mim.

Achava que minha existência se resumia no meu trabalho, e exigia de mim mesma e de quem estivesse ao meu redor perfeição absoluta, e se algo estava errado, era a empresa, ou o sistema capitalista (outra atitude juvenil) o culpado, o problema nunca estava em mim.

Acontece que hoje quando olhei meus registros percebi o quanto cresci como profissional. Hoje eu consegui ser a profissional que eu sempre quis ser, dando à empresa apenas a importância  que ela tem em minha vida, nem a mais, nem a menos.

Estou caminhando para sete anos de empresa. Quando entrei, ainda era rebelde e turrona e queria que o mundo se dobrasse à minha vontade. Hoje não dou a mínima pra isso.

Quando eu era adolescente jamais poderia imaginar que passaria sete anos no mesmo lugar, Um lugar imperfeito e que na maioria das vezes me causa muito mais irritação do que satisfação. A velha eu já teria jogado tudo isso aqui pro alto, em busca de alguma aventura profissional, que fatalmente iria dar em nada, visto que sou totalmente falha em gerenciamento de carreira.

E por falar em gerenciamento de carreira, hoje não me preocupo mais com isso. Just go with the flow.