sexta-feira, 4 de abril de 2014

Por que não quero viver de música



Eu NUNCA pensei em viver de música... Por viver de música, entenda-se: trabalhar como musicista e sustentar meu lar com essa profissão. Eu também nunca pensei em ser famosa - tá bom, dizer nunca é meio pesado nesse caso: claro que todo mundo que toca um instrumento já parou na frente do espelho e se imaginou num grande concerto no Maracanã para milhares de pessoas...
Quero dizer é que nunca pensei em seguir carreira como musicista, é isso que quero dizer.  Já pensei em ser estilista, designer, fotógrafa, engenheira de áudio, cineasta... mas nunca pensei em ser musicista. Porque a música simplesmente não é uma profissão pra mim: é uma coisa que ESTÁ em mim. Desde sempre. Não dá pra fical almejando ser uma coisa que sempre fui. Explico: Desde que me lembro, e me lembro de muita coisa, desde meus três anos de idade, a música provoca algo em mim que não sei explicar. E acho que nunca saberei.
O problema é que sou meio burrinha para teoria musical, e nunca tive incentivo da família para aprender, por isso demorei, demorei... mas finalmente montei minha primeira banda, aos 22 anos de idade. Nunca, nunca mesmo me senti tão bem... e olha que não tocava nada, no sentido pejorativo da coisa, mesmo. Mas fui feliz como nunca - aliás, feliz como sempre, pois pra mim não faz diferença se estou tocando ou apenas escutando, o efeito é o mesmo. Fisiológico mesmo, sabe. Meu coração dispara, a adrenalina sobe, serotonina liberada, sinto-me como se estivesse apaixonada. Você se lembra de quando era adolescente e até suava frio quando aquele garotinho que você gostava aparecia no corredor da escola? É tipo isso aí!
E shows ao vivo?!? Não existe nada melhor no mundo, na minha opinião. Sinto a vibração. Acho que assisti shows de TODAS as bandas de rock nacionais existentes na listagem do Cifraclub. Internacionais, algumas... sabe como é, nem sempre o orçamento colabora... no meu caso quase nunca. Comprei meu primeiro baixo de um conhecido, por sessenta reais. Era o que eu podia pagar. Estava malhadinho, mas me fez muito feliz. Não comprei o amplificador, pois não teria grana mesmo, sem chance. Violões: transitaram pela minha casa desde que eu tinha quinze anos, nos mais diversos modelos e condições, quase sempre emprestados por alguma alma caridosa (obrigada!).
Melhorar um pouquinho de vida me deu condições de comprar uns intrumentos melhores - parcelados em milhões de vezes, é claro, mas um conselho sábio que ouvi certo dia já dizia: quem não deve não tem. Outras bandas, outras pessoas, cada um foi único e contribuiu para meu amor pela música crescer cada vez mais.
E hoje meu coração está repleto de música, pois pra mim a música é isso: amor! Quando passo uma semana horrível, estressada e quase desistindo de ser feliz, a música me salva, de novo e de novo, do destino cruel. Fazendo música ou ouvindo música, me sinto muito mais eu. Esqueço do trabalho burocrático que faço, dos problemas familiares, da saúde zoada de cidadã de megalópole. Na música é que eu sou feliz.
Por isso é que não quero viver de música. Por que já sei que a música vive em mim. Como sempre foi. E será pelos séculos dos séculos. Amém.

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